30 de novembro de 2007
A 'culpa' é... do Petróleo!
Começo já por dizer que não acredito no conceito 'judaico-cristão' de culpa. Mas vem isto a propósito de um personagem que anda a infernizar a vida a muita gente (a mesmo, mesmo, mesmo muita gente!!!).
Pois ouvia hoje nas notícias, numa rúbrica sobre economia, que a tal da 'culpa' da crise, é do custo do petróleo. Pois... já não é de agora, este hábito (não apenas português) de atirar as culpas para cima dos outros, neste caso do Sr. Petróleo. Então a culpa da situação em que se encontram milhões de seres humanos, que passam fome, que não tem acesso aos mais elementares meios básicos de sobrevivência é desse Sr. Petróleo? Bom, se é, ou não, já lá irei; não antes de tentar entender quem é esse fulano que nos anda a trocar as voltas todas, a dar cabo do nosso querido planeta, a promover guerras, disputas de terra, conflitos locais, regionais e mundiais. Se esse indívuo é o responsável pela subida dos preços dos mais elementares bens de primeira necessidade (pão, leite, arroz, legumes, e por aí fora...) então o que estão à espera? Deixá-lo á solta? Se esse crápula é o responsável pelo défice dos países pobres (e agora também, pelos vistos, dos ricos), pela miséria no mundo, o que é que estão à espera para o prender e julgá-lo num tribunal internacional, como responsável pelas misérias do mundo?!
Pois, dizem-me que esse tal do Petróleo, na verdade não é um bem uma pessoa... até tem algumas características bem parecidas com alguns humanos - é preto (o que para mim é talvez o único ponto a favor), cheira mal, deve saber ainda pior, é viscoso, dificil de agarrar com as mãos, mata ou é responsável pela morte, de mais seres no mundo do que uma bomba atómica... mas não é uma pessoa!
Afinal, se o Sr. Petróleo não é uma pessoa, como é podemos 'culpá-lo' pelo desemprego, pela fome, pela miséria, pela situação de catástrofe em muitas regiões do mundo? Pelo sofrimento todo que vemos na rua, pelas guerras que se fazem com o seu nome?
Pois, eu digo que já está na altura de crescermos todos um bocadinho, e deixarmos de sacudir a "água do capote" passando sempre a culpa para 'terceiros'. De uma vez por todas, já é tempo de assumirmos, não a culpa, mas a responsabilidade que temos no mundo; a nossa responsabilidade individual, social e ambiental, para que com a nossa consciência, tomarmos, e apoiarmos as decisões certas. Porque esse é o cerne da questão! Enquanto continuarmos a infantilizar as responsabilidades que nos cabem a todos, e passarmos a culpa, para conceitos abstratos, nunca seremos capazes de semearmos alternativas palpáveis, concretas que nos possam encaminhar para soluções sustentáveis.
Para que cada um, do Sr. Bush, ao Sr. Chaves, passando pelo Sr. Sócrates, por mim, e por você que lê este texto, saibamos como contribuir com verdadeiras alternativas para um desenvolvimento sustentável do planeta, partilhando responsabilidades, dando a cara e o corpo ao manifesto, e deixando de por a culpa no Sr. Petróleo. No minimo que os seus amigos mais descarados, (agora até o Dr. Soares, é amiguinho desse Sr. Petróleo, vá-se lá saber porquê...)
Eu pela minha parte, dou a minha gota de água, tendo deixado de ter carro, á mais de 2 anos. Ainda não deixei por completo o carro, nem seria viável (logo insustentável), mas acredito nos pequenos passos, mais do que nos grandes discursos.
Seria interessante, dar mais ouvidos a outros Srs. mais interessantes, que gostariam de ser mais escutados e apoiados incondicionalmente. Talvez até nos pudessem ajudar a mandar esse Sr. Petróleo ás urtigas: como o Sr. Sol, o Sr. Vento, os Srs. Ocenanos, e tantos outros que por andam por aí preteridos.
Porque, como dizia a minha mãe - se não tivermos 'petroil' não morremos de fome - mas sem o pãozinho, a história é outra e certamente mais complicada.
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24 de novembro de 2007
¡NO ME LLAMES EXTRANJERO!
No me llames extranjero,
porque haya nacido lejos,
porque haya nacido lejos,
o porque tenga otro nombre
la tierra de donde vengo.
No me llames extranjero,
porque fue distinto el seno,
o porque acunó mi infancia
otro idioma de los cuentos.
No me llames extranjero
si en el amor de una madre,
tuvimos la misma luz,
en el canto y en el beso,
con que nos sueñan iguales
las madres contra su pecho.
No me llames extranjero,
ni pienses de dónde vengo,
mejor saber dónde vamos,
adónde nos lleva el tiempo.
No me llames extranjero,
porque tu pan y tu fuego,
calman mi hambre y mi frío,
y me cobija tu techo.
No me llames extranjero,
tu trigo es como mi trigo,
tu mano como la mía,
tu fuego como mi fuego
y el hambre no avisa nunca,
vive cambiando de dueño.
Y me llamas extranjero…
porque me trajo un camino,
porque nací en otro pueblo,
porque conozco otros mares
y zarpé un día de otro puerto,
si siempre quedan iguales
en el adiós los pañuelos
y las pupilas borrosas
de los que dejamos lejos.
Los amigos que nos nombran
y son iguales los rezos
y el amor de la que sueña
con el día del regreso.
Traemos el mismo grito,
el mismo cansancio viejo
que viene arrastrando el hombre
desde el fondo de los tiempos,
cuando no existían fronteras,
antes que vinieran ellos…
Los que dividen y matan,
los que roban,
los que mienten,
los que venden nuestros sueños,
los que inventaron un día esta palabra…
¡¡¡ “extranjero” !!!
No me llames extranjero
que es una palabra triste,
que es una palabra helada
huele a olvido y a destierro.
No me llames extranjero
mira tu niño y el mío
cómo corren de la mano
hasta el final del sendero.
No los llames extranjeros,
ellos no saben de idiomas,
de límites ni banderas,
míralos se van al cielo
con una risa paloma,
que los reúne en el vuelo.
No me llames extranjero
piensa en tu hermano y el mío,
el cuerpo lleno de balas besando de muerte el suelo.
Ellos no eran extranjeros,
se conocían de siempre;
por la libertad eterna,
igual de libres murieron.
¡¡¡No me llames extranjero!!!
Mírame bien a los ojos,
mucho más allá del odio,
del egoísmo y el miedo
¡¡¡No puedo ser extranjero!!!
¡Y verás que soy un hombre!
Canción-poema de Rafael Amor
la tierra de donde vengo.
No me llames extranjero,
porque fue distinto el seno,
o porque acunó mi infancia
otro idioma de los cuentos.
No me llames extranjero
si en el amor de una madre,
tuvimos la misma luz,
en el canto y en el beso,
con que nos sueñan iguales
las madres contra su pecho.
No me llames extranjero,
ni pienses de dónde vengo,
mejor saber dónde vamos,
adónde nos lleva el tiempo.
No me llames extranjero,
porque tu pan y tu fuego,
calman mi hambre y mi frío,
y me cobija tu techo.
No me llames extranjero,
tu trigo es como mi trigo,
tu mano como la mía,
tu fuego como mi fuego
y el hambre no avisa nunca,
vive cambiando de dueño.
Y me llamas extranjero…
porque me trajo un camino,
porque nací en otro pueblo,
porque conozco otros mares
y zarpé un día de otro puerto,
si siempre quedan iguales
en el adiós los pañuelos
y las pupilas borrosas
de los que dejamos lejos.
Los amigos que nos nombran
y son iguales los rezos
y el amor de la que sueña
con el día del regreso.
Traemos el mismo grito,
el mismo cansancio viejo
que viene arrastrando el hombre
desde el fondo de los tiempos,
cuando no existían fronteras,
antes que vinieran ellos…
Los que dividen y matan,
los que roban,
los que mienten,
los que venden nuestros sueños,
los que inventaron un día esta palabra…
¡¡¡ “extranjero” !!!
No me llames extranjero
que es una palabra triste,
que es una palabra helada
huele a olvido y a destierro.
No me llames extranjero
mira tu niño y el mío
cómo corren de la mano
hasta el final del sendero.
No los llames extranjeros,
ellos no saben de idiomas,
de límites ni banderas,
míralos se van al cielo
con una risa paloma,
que los reúne en el vuelo.
No me llames extranjero
piensa en tu hermano y el mío,
el cuerpo lleno de balas besando de muerte el suelo.
Ellos no eran extranjeros,
se conocían de siempre;
por la libertad eterna,
igual de libres murieron.
¡¡¡No me llames extranjero!!!
Mírame bien a los ojos,
mucho más allá del odio,
del egoísmo y el miedo
¡¡¡No puedo ser extranjero!!!
¡Y verás que soy un hombre!
Canción-poema de Rafael Amor
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22 de novembro de 2007
Imaginar(e) - Conference
(PT)
O primeiro video está finalmente disponível aqui e no YouTube! Este é apenas uma pequena amostra do que que apresentei... Irei fazendo actualizações desta conferência, com novos videos, o mais breve possível.
(ACONSELHO! Use os seus oscultadores para ouvir o som com melhor qualidade)
(ENG)
The first video is now avaible where and in You Tube! This is just a 'glance' on what I've done... I'll update this information, with new videos, as soon as posible.
(ADVISE! Use your phones to listen the sound with better quality)
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16 de novembro de 2007
15 de novembro de 2007
The falling of Creative Class*
"Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Relembro este 'velho' poema que percorreu a minha juventude, e admiro a sua contemporaneidade. Volto ainda a relembrar um artigo que publiquei aqui á precisamente um ano atrás - Capital Cultural - e que reflecte sobre o valor gerado pela "Classe Criativa" para a economia europeia. Faço a ponte com um estudo, "Europe in the Creative Age", publicado em 2004, de Richard Florida, autor de "The Rise of the Creative Class, e fundador do "Creative Class Group".
Este é o momento para tomar posição e acabar com o silenciamento de algumas "verdades inconvenientes". Não o faço porque temo que me 'levem' a mim (isso está a acontecer neste momento), mas porque acredito que é absolutamente uma questão moral e ética falar sobre a realidade de milhares de 'criadores' que vivem hoje na mais pura das misérias, integrando o corpo de desempregados, precários e pobres que perfazem já mais de 20% da população portuguesa. Não faço ideia da dimensão europeia do problema, mas acredito que andará por valores próximos (embora mais baixos do que os portugueses).
Inspiram-me os monges budistas da Birmânia, que decidiram não calar mais a sua consciência, que tiveram a nobreza e a coragem de saírem à rua denunciando (mundialmente) a imoralidade, a ditadura, a opressão, a miséria e a fome em vive o povo do seu país.
Acredito que esta é uma questão moral, porque creio que não pode ser admissível que aqueles que estão entre os que mais contribuem para a 'riqueza' da Europa, sejam precisamente aqueles que estão entre os mais sacrificados (ninguém deve ser sacrificado).
Há um ano atrás era capa do jornal Público - "CULTURA COM MAIS PESO NA ECONOMIA EUROPEIA DO QUE SECTOR AUTOMÓVEL". Fiquei estúpido na altura! Foi necessário que, um conceituado economista europeu, contratado pela comissão europeia (segundo o artigo publicado), conclui-se que o sector da Cultura contribuia mais para o PIB europeu, que uma das mais poluentes e destruidoras industrias do planeta (a automóvel, e todas aquelas a si associadas, como a do petróleo), para esta questão, do valor da Cultura, viesse á luz do dia. Hoje, com as questões das alterações climáticas a entrarem-nos todos os dias pelas nossas vidas adentro - já não se tratam apenas de previsões, ou estudos, mas da realidade indesmentível, de secas, cheias, tufões, subidas do nível do mar, temperaturas e fenómenos metereológicos anómalos - é mais do que indispensável actuar; é necessário mudar de paradigma! Porque esta é absolutamente uma questão de sobrevivência do Planeta!
Olho em volta e vejo como, uma "classe" que tanto contribui para o desenvolvimento humano - de artistas, criadores, escritores, investigadores, professores, actores, pensadores (e tantos outros que criam cultura) - está sendo cada vez mais arredada de um dos direitos humanos mais elementares: o direito ao trabalho em condições dignas e respeitadoras da sua inteireza enquanto Ser.
Recorro ao estudo de Richard Florida, só para citar alguns dados, referindo que Portugal foi considerado o país mais atrasado nesse campo (o do crescimento da 'Classe Criativa' na Europa). Mas mais do que isso, é também interessante mencionar que o país mais bem colocado é a Suécia, na maioria dos índices estudados - tolerância, criatividade e crescimento económico - colocando-se mesmo, este país, á frente do EUA (o que não é nada de admirar...).
Isto faz-me pensar, que, ou valorizamos pouco o capital criativo e toda a riqueza gerada por este sector, ou estamos cegos e não queremos ver, ou simplesmente estamos alheados de toda esta realidade, e não aprendemos nada, com os nossos parceiros suecos.
Não consigo calar a minha indignação perante o sofrimento que vejo (e sinto) todos os dias à minha volta. Sinto que somos muitos milhões de seres, com capacidade, talento, criatividade, inteligência, arte e engenho, que podemos contribuir para o desenvolvimento deste País, e desta Comunidade Europeia, e estamos sendo arredados da possibilidade de o fazer. Aqueles que de nós, já o fizeram durante mais de uma década, ajudando e contribuindo para a prosperidade de marcas, produtos, serviços, empresas, que demos muito à economia do nosso país, acabámos por ser 'expurgados', de uma ou de outra forma, muitas das vezes, simplesmente, por discordamos do modelo vigente (o mesmo que está agora mesmo mostrando as suas consequências, através da destruição ambiental do planeta!). Marginalizados pelo sistema, somos empurrados para a margem da sociedade. Já somos demasiado velhos (com 38 anos!!!) para continuar a servir os interesses económicos (selvagens) que dominam toda a economia e somos ainda demasiado novos para nos reformarmos. Aliás não conheço ninguém que o queira! Queremos poder trabalhar e continuar contribuindo para o desenvolvimento (sustentável) do nosso país! Queremos poder colocar o nosso talento ao serviço do bem-comum, da justiça económica, social e ambiental! Queremos e merecemos ser respeitados pelo valor que produzimos, pelo capital que ajudamos a criar. Queremos uma distribuição justa e equitativa dos dividendos do nosso trabalho criativo, e queremos que esse valor seja repartido por todos aqueles que estão sofrendo com a fome e as condições sociais desumanas! Queremos poder contribuir para um planeta mais sustentável, para uma Europa criativa e criadora de bem-estar para todos.
É imoral que este país seja governado por engenheiros, gestores, economistas (com todo o respeito por estes profissionais), especuladores financeiros, 'figuras públicas', burocratas (com menos consideração por estes últimos), que sugam a energia criadora de todo um povo, que lhes levam toda a sua energia, que lhes roubam a alma! Não é moral, por exemplo, que no nosso país, que uns que 'roubam' milhões de euros (uns 12, outros mais, alguns menos), sejam não só perdoados como até abençoados; enquanto que por outro lado aqueles que contribuem para o desenvolvimento de um mundo mais aberto, mais tolerante, mais criativo, mais próspero para todos, são tratados muitas vezes como criminosos, porque deixaram de conseguir cumprir com as suas obrigações mais elementares, para com a casa, a educação, a alimentação, (já não nem falo da exclusão cultural!), às vezes com perseguições 'caricatas' por dívidas de (uns míseros) 400 euros ao banco!
É imoral que a "classe" criativa (assim como de muitos e muitos milhões de concidadãos de outras 'classes' desfavorecidas) estejam a ser empurrados para o 'esgoto', enquanto os multimilionários, ajudados pelas classes dirigentes de políticos sem escrúpulos, exibem vergonhosamente a sua riqueza nos media que eles próprios financiam.
Perante esta realidade, pergunto: o que fazemos? Ficamos calados, deixamos de assumir com a nossa consciência uma posição clara? Ou tomamos posição e passamos á acção? Deixo a pergunta, para que possamos reflectir e agir juntos. Antes que nos levem de vez!
Porque a queda da classe criativa, é a queda de toda a cultura democrática, acessível a todos, partilhada por todos, e que contribui para, muito mais do que o crescimento económico: contribui para a liberdade, a diversidade e a riqueza espiritual de um povo.
Voltarei ao tema, porque o tema, é a minha própria vida, e convoco todos os criadores, a tomarem posição, a não calarem o que sentem, porque um dia, pode ser tarde de mais, e quando dermos conta, seremos mais do que uma "classe" em queda, seremos prisioneiros de um qualquer regime "saudosista" que regresse das brumas do nevoeiro em que vivemos todos os dias...
*A queda da 'Classe Criativa'. Titulo inspirado em "The raise of the Creative Class" (a ascensão da 'Classe Criativa')
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho o meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo."
Relembro este 'velho' poema que percorreu a minha juventude, e admiro a sua contemporaneidade. Volto ainda a relembrar um artigo que publiquei aqui á precisamente um ano atrás - Capital Cultural - e que reflecte sobre o valor gerado pela "Classe Criativa" para a economia europeia. Faço a ponte com um estudo, "Europe in the Creative Age", publicado em 2004, de Richard Florida, autor de "The Rise of the Creative Class, e fundador do "Creative Class Group".
Este é o momento para tomar posição e acabar com o silenciamento de algumas "verdades inconvenientes". Não o faço porque temo que me 'levem' a mim (isso está a acontecer neste momento), mas porque acredito que é absolutamente uma questão moral e ética falar sobre a realidade de milhares de 'criadores' que vivem hoje na mais pura das misérias, integrando o corpo de desempregados, precários e pobres que perfazem já mais de 20% da população portuguesa. Não faço ideia da dimensão europeia do problema, mas acredito que andará por valores próximos (embora mais baixos do que os portugueses).
Inspiram-me os monges budistas da Birmânia, que decidiram não calar mais a sua consciência, que tiveram a nobreza e a coragem de saírem à rua denunciando (mundialmente) a imoralidade, a ditadura, a opressão, a miséria e a fome em vive o povo do seu país.
Acredito que esta é uma questão moral, porque creio que não pode ser admissível que aqueles que estão entre os que mais contribuem para a 'riqueza' da Europa, sejam precisamente aqueles que estão entre os mais sacrificados (ninguém deve ser sacrificado).
Há um ano atrás era capa do jornal Público - "CULTURA COM MAIS PESO NA ECONOMIA EUROPEIA DO QUE SECTOR AUTOMÓVEL". Fiquei estúpido na altura! Foi necessário que, um conceituado economista europeu, contratado pela comissão europeia (segundo o artigo publicado), conclui-se que o sector da Cultura contribuia mais para o PIB europeu, que uma das mais poluentes e destruidoras industrias do planeta (a automóvel, e todas aquelas a si associadas, como a do petróleo), para esta questão, do valor da Cultura, viesse á luz do dia. Hoje, com as questões das alterações climáticas a entrarem-nos todos os dias pelas nossas vidas adentro - já não se tratam apenas de previsões, ou estudos, mas da realidade indesmentível, de secas, cheias, tufões, subidas do nível do mar, temperaturas e fenómenos metereológicos anómalos - é mais do que indispensável actuar; é necessário mudar de paradigma! Porque esta é absolutamente uma questão de sobrevivência do Planeta!
Olho em volta e vejo como, uma "classe" que tanto contribui para o desenvolvimento humano - de artistas, criadores, escritores, investigadores, professores, actores, pensadores (e tantos outros que criam cultura) - está sendo cada vez mais arredada de um dos direitos humanos mais elementares: o direito ao trabalho em condições dignas e respeitadoras da sua inteireza enquanto Ser.
Recorro ao estudo de Richard Florida, só para citar alguns dados, referindo que Portugal foi considerado o país mais atrasado nesse campo (o do crescimento da 'Classe Criativa' na Europa). Mas mais do que isso, é também interessante mencionar que o país mais bem colocado é a Suécia, na maioria dos índices estudados - tolerância, criatividade e crescimento económico - colocando-se mesmo, este país, á frente do EUA (o que não é nada de admirar...).
Isto faz-me pensar, que, ou valorizamos pouco o capital criativo e toda a riqueza gerada por este sector, ou estamos cegos e não queremos ver, ou simplesmente estamos alheados de toda esta realidade, e não aprendemos nada, com os nossos parceiros suecos.
Não consigo calar a minha indignação perante o sofrimento que vejo (e sinto) todos os dias à minha volta. Sinto que somos muitos milhões de seres, com capacidade, talento, criatividade, inteligência, arte e engenho, que podemos contribuir para o desenvolvimento deste País, e desta Comunidade Europeia, e estamos sendo arredados da possibilidade de o fazer. Aqueles que de nós, já o fizeram durante mais de uma década, ajudando e contribuindo para a prosperidade de marcas, produtos, serviços, empresas, que demos muito à economia do nosso país, acabámos por ser 'expurgados', de uma ou de outra forma, muitas das vezes, simplesmente, por discordamos do modelo vigente (o mesmo que está agora mesmo mostrando as suas consequências, através da destruição ambiental do planeta!). Marginalizados pelo sistema, somos empurrados para a margem da sociedade. Já somos demasiado velhos (com 38 anos!!!) para continuar a servir os interesses económicos (selvagens) que dominam toda a economia e somos ainda demasiado novos para nos reformarmos. Aliás não conheço ninguém que o queira! Queremos poder trabalhar e continuar contribuindo para o desenvolvimento (sustentável) do nosso país! Queremos poder colocar o nosso talento ao serviço do bem-comum, da justiça económica, social e ambiental! Queremos e merecemos ser respeitados pelo valor que produzimos, pelo capital que ajudamos a criar. Queremos uma distribuição justa e equitativa dos dividendos do nosso trabalho criativo, e queremos que esse valor seja repartido por todos aqueles que estão sofrendo com a fome e as condições sociais desumanas! Queremos poder contribuir para um planeta mais sustentável, para uma Europa criativa e criadora de bem-estar para todos.
É imoral que este país seja governado por engenheiros, gestores, economistas (com todo o respeito por estes profissionais), especuladores financeiros, 'figuras públicas', burocratas (com menos consideração por estes últimos), que sugam a energia criadora de todo um povo, que lhes levam toda a sua energia, que lhes roubam a alma! Não é moral, por exemplo, que no nosso país, que uns que 'roubam' milhões de euros (uns 12, outros mais, alguns menos), sejam não só perdoados como até abençoados; enquanto que por outro lado aqueles que contribuem para o desenvolvimento de um mundo mais aberto, mais tolerante, mais criativo, mais próspero para todos, são tratados muitas vezes como criminosos, porque deixaram de conseguir cumprir com as suas obrigações mais elementares, para com a casa, a educação, a alimentação, (já não nem falo da exclusão cultural!), às vezes com perseguições 'caricatas' por dívidas de (uns míseros) 400 euros ao banco!
É imoral que a "classe" criativa (assim como de muitos e muitos milhões de concidadãos de outras 'classes' desfavorecidas) estejam a ser empurrados para o 'esgoto', enquanto os multimilionários, ajudados pelas classes dirigentes de políticos sem escrúpulos, exibem vergonhosamente a sua riqueza nos media que eles próprios financiam.
Perante esta realidade, pergunto: o que fazemos? Ficamos calados, deixamos de assumir com a nossa consciência uma posição clara? Ou tomamos posição e passamos á acção? Deixo a pergunta, para que possamos reflectir e agir juntos. Antes que nos levem de vez!
Porque a queda da classe criativa, é a queda de toda a cultura democrática, acessível a todos, partilhada por todos, e que contribui para, muito mais do que o crescimento económico: contribui para a liberdade, a diversidade e a riqueza espiritual de um povo.
Voltarei ao tema, porque o tema, é a minha própria vida, e convoco todos os criadores, a tomarem posição, a não calarem o que sentem, porque um dia, pode ser tarde de mais, e quando dermos conta, seremos mais do que uma "classe" em queda, seremos prisioneiros de um qualquer regime "saudosista" que regresse das brumas do nevoeiro em que vivemos todos os dias...
*A queda da 'Classe Criativa'. Titulo inspirado em "The raise of the Creative Class" (a ascensão da 'Classe Criativa')
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8 de novembro de 2007
Publicidade Solidária
Text: "Sunglasses €24,- Acess to Water €8,-" (Click to enlarge photo)
Text: "Handbag €32,- Food for a week €4,-" (Click to enlarge photo)
Text: "Pint of Beer €4,50, 50 Itens of Fresh Water €1,50" (Click to enlarge photo)
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5 de novembro de 2007
A felicidade... segundo Pessoa
(PT)
Recebi hoje um mail, com um texto atribuido ao 'nosso' poeta Fernando Pessoa, relebrando o 70º aniversário da sua morte, e que me faz sentido partilhar convosco aqui no "SC". Subscrevo o texto na sua (quase) totalidade. Não me vendo como um crente em 'Deus', não deixo de encontrar um sentido de busca espiritual com a qual dialógo a partir da tradição budista.
Acima de tudo, o que me faz sentido é a actualidade do pensamento pessoano, nesta sua dimensão metafísica, do homem que busca respostas para as grandes questões do lado mais humano do Ser.
"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes mas, não esqueço que minha vida é a maior empresa do mundo, e posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e tornar-se autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um 'não'. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo...
Fernando Pessoa"
(ES)
Recibí hoy un correo, con un texto atribuido al poeta Fernando Pessoa, recordando el 70º cumpleaños por su muerte, y que me hace sentido compartir con vosotros aquí en "SC". Subscribo el texto en (casi) su totalidad. No me veo cómo un seguidor de 'Dios', aunque no deje de encontrar un sentido de búsqueda espiritual con la cual dialogo a partir de la tradición budista.
Aun lo que me hace sentido es la actualidad del pensamiento de Pessoa, en esa su dimensión metafisíca, del hombre que busca respuestas para las cuestiones mayores del lo que hay de más humano en el Ser.
"Puedo tener defectos, vivir ansioso y quedar me irritado algunas veces pero, no olvido que mi vida es la mayor empresa del mundo, y puedo evitar que ella va a la falencia.
Ser feliz es reconocer que hace sentido vivir aunque todos los desafíos, incomprensiones y periodos de crisis. Ser feliz es dejar de ser vitima de los problemas y tornar se autor de su propia historia.
Es atravesar desiertos fuera de si, pero ser capaz de encontrar un oasis nel recóndito de su alma.
Es agradezcer a Dios cada mañana por el milagro de la vida. Ser feliz es no tener miedo de los propios sentimientos. Es saber hablar de si mismo. Es tener coraje para escuchar un 'no'. Es tener seguridad para recibir una critica, mismo injusta.
Piedras nel camino? Las guardo todas, pues un día voy construir un castillo...
Fernando Pessoa"
1 de novembro de 2007
Imaginar(e) - soon in YouTube...
It was one week ago. I've been invited to talk to the students of european.design.labs (an european master from Istituto Europeo de Design ), with a lecture focused in my holistic vision in art direction. This was integrated in one of is workshops, and is related with the Woman's Prison of Tires project.
José Fernandes © Images taken at womans prison at Tires in Portugal during the "Istituto Europeo de Design" workshop.
For me it was much more them a lecture, it was a sharing process, involving the teatchers, the students, the board of directors (Tires prison), the people of Museu do Design e daModa , the guards and prisoners... As result of this collaboration, I've filmed this conference (thanks to Cecile video cam!), and my friend José Fernandes, did an wonder full photo reportage, (that I'm just publishing this two photos).
For now, I'm just announcing this event I've participated, but very soon, in a next post, I'll publish a 'reel video' with a resume of this lecture. Them I'll have a link to YouTube, where everybody, can see the full version of this conference.
José Fernandes © Images taken at womans prison at Tires in Portugal during the "Istituto Europeo de Design" workshop.
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