29 de setembro de 2008

Beuys passou por Santiago...



Este sempre foi um artista que me intrigou. Conhecia algumas das suas inquietantes obras, que marcaram a arte na segunda metade do século passado, mas não tinha tida o previlégio, até hoje, de aceder ao conjunto de uma importante parte da sua obra. A Fundación Caixa Galicia, proporcionou uma montagem excelente, de um conjunto importante dos seus "Múltiples", que me deu uma visão bem mais completa, da que tinha até então, deste artista.
Não me quero aqui debruçar (do ponto vista da crítica da arte) sobre a obra ou a vida de Joseph Beuys. O que quero partilhar são mais as minhas impressões/intuições sobre um trabalho que é ainda bastante actual, por isso contemporâneo - dizem os 'expertos'. Mais de um peça em particular (algumas mais do que outras), marcou-me o conjunto da sua obra e vida, que espelham as questões com que o homem actual se debate, e que nos fazem reflectir sobre como a visão de Beuys, transporta uma dimensão holística, transdisciplinar da arte. Impressionou-me, mais do que as técnicas, o conteúdo simbólico das suas obras. Uma arte que nos faz pensar sobre nós mesmos, é para mim uma arte humana, que toca directo nas nossas emoções, sensações, e sentimentos. Essa é a arte que busco; que continuo buscando para a minha própria vida.
Este artista no seu percurso deixa-nos um testemunho de uma enorme beleza poética, e com uma mensagem revolucionária - que vai á raiz das questões. Porque para além de ser um artista, este é também um homem comprometido, que busca incentivar o humano a desenvolver as suas competências criativas.
Como diz Beuys, no seu Manifesto* "a criatividade, a fantasia, a inteligência, não articuladas, o capazes de articular-se, mas relegadas ao consumo, convertem-se em ago defeituoso, daninho, prejudicial, frente a uma comunidade democrática, e manifestam-se como uma criatividade corrupta, em forma de crime. A criminalidade pode surgir do aburrecimento, de uma criatividade incapaz de articular-se".
Quando a criatividade, se articula com o activismo e a consciência, teremos uma criatividade transformadora, caminhando em direcção a um novo paradigma holístico, e de uma forma transdisciplinar, capaz de dar o salto quântico que necessitamos de dar neste nosso tempo.
Acredito, como Beuys, que todo o humano é um criador, que contém em si um potencial, uma imensa energia criativa, que pode usar para transformar a sua vida, a sociedade e o planeta.
Se acrescentar-mos a isso a dimensão da consciência, estaremos verdeiramente perante o caminho que nos pode levar á transformação, contribuindo para um Mundo melhor, mais justo, mais livre e mais equitativo.

*Manifesto de fundação de uma Escola Superior Livre Internacional de Criatividade e Investigação Interdisciplinária.

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