30 de abril de 2007

O CONVITE

"Não me interessa saber o que faz para ganhar a vida.
Quero saber aquilo por que anseia e se atreve a sonhar com a realização dos seus desejos.
Não me interessa saber qual é a sua idade. Só quero saber se é capaz de se arriscar a parecer tolo, por amor, pelos seus sonhos, pela aventura de estar vivo.
Não me interessa saber que planetas enquadram a sua lua. Quero saber se tocou no âmago do seu próprio desgosto, se esteve aberto às traições da vida ou se se tornou fechado e encolhido com receio de mais desgostos. Quero saber se é capaz de suportar a dor, a minha e a sua, sem esconder-se para a ocultar ou atenuar.
Quero saber se pode sentir a alegria, a minha ou a sua, se é capaz de dançar loucamente e deixar que o êxtase o invada até às pontas dos dedos sem nos dizer para termos cautela, para sermos realistas, para recordar as limitações de sermos humanos.
Não me interessa saber se a história que me está a contar é verdadeira. O que quero é saber se é capaz de desapontar alguém para ser verdadeiro consigo mesmo; se é capaz de suportar as acusações de traição sem atraiçoar a sua própria alma; se pode não ser fiel aos seus compromissos e, no entanto, ser de confiança.
Quero saber se é capaz de ver a beleza mesmo quando não é bonita, em cada dia, e se pode basear a sua própria vida na sua presença.
Quero saber se é capaz de viver com fracasso, o seu e o dos outros, e mesmo assim ficar de pé na margem do lago e gritar para a Lua prateada: "Sim!"
Não me importa saber onde vive ou quanto dinheiro tem. O que preciso saber é se é capaz de se levantar, cansado e exausto, depois de uma noite de desespero, e fazer o que é necessário para cuidar dos filhos.
Não me interessa saber quem conhece, ou como veio aqui parar. O que quero é perceber se será capaz de ficar no centro do fogo, comigo, sem recuar.
Não me importa conhecer o que estudou, onde estudou ou com quem, o que quero é saber o que o mantém de pé, interiormente, quando tudo o resto falha.
Quero saber se é capaz de estar sozinho consigo mesmo e se gosta verdadeiramente da companhia que proporciona a si próprio nos momentos de vazio."

Bryan Mchugh

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